O Supremo Tribunal Federal (STF) deve analisar, nesta quarta-feira (19), dois temas sensíveis que impactam diretamente a administração pública no Brasil: a concessão de penduricalhos para funcionários do Ministério Público e a nomeação de parentes para cargos políticos no Executivo. As decisões podem estabelecer novas diretrizes para casos semelhantes em todo o país.
Penduricalhos no Ministério Público
Um dos julgamentos previstos trata da constitucionalidade da Lei Complementar nº 238/2002, do Espírito Santo, que garante gratificações retroativas a membros do Ministério Público, incluindo procuradores-gerais e chefes de procuradorias. O governo do Estado contesta a norma, alegando que o pagamento dessas vantagens viola o princípio da isonomia e cria um benefício exclusivo para um pequeno grupo, sem previsão orçamentária.
No plenário virtual, o relator Edson Fachin argumentou que a norma contraria a Constituição ao criar vantagens remuneratórias sem respeitar as diretrizes da Lei de Diretrizes Orçamentárias (LDO). Seu voto foi acompanhado por Gilmar Mendes e Rosa Weber. Já o presidente do STF, Roberto Barroso, divergiu e propôs um entendimento parcial, determinando que gratificações para cargos comissionados sejam permitidas, desde que respeitem o teto constitucional. O julgamento foi suspenso em junho de 2023 e será retomado agora em sessão presencial.
Nepotismo em cargos políticos
Outro tema na pauta do STF é a constitucionalidade da nomeação de parentes para cargos de alto escalão no Executivo, como ministros, secretários estaduais e municipais. A Corte avaliará se a prática fere a Súmula Vinculante 13, que proíbe o nepotismo na administração pública.
A ação, movida pelo Ministério Público de São Paulo (MP-SP), questiona uma lei do município de Tupã (SP) que permite a nomeação de parentes para o cargo de secretário municipal. O MP defende que essa prática burla a regra constitucional que impede favorecimento familiar em cargos públicos.
O julgamento, que teve início em abril de 2024, foi suspenso após a apresentação do relatório e das sustentações orais. A decisão do STF terá repercussão geral, ou seja, servirá de base para a análise de casos semelhantes em todo o país.
Com essas votações, o Supremo pode redefinir os limites da moralidade administrativa, colocando fim a brechas legais que beneficiam grupos específicos na estrutura pública.
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