A paciência de Dr. Gilson Guerreiro chegou ao fim. Neste sábado (15), o prefeito de Grajaú oficializou o rompimento com o grupo político de Mercial Arruda e de seu filho, o deputado estadual Ricardo Arruda (MDB). O que antes era uma aliança estratégica se revelou um fardo insustentável. Mas o verdadeiro choque veio com a revelação de um rombo financeiro de meio bilhão de reais na prefeitura.
A ruptura não aconteceu por acaso. Segundo Guerreiro, a interferência dos Arruda na gestão municipal se tornou asfixiante. O ápice da tensão ocorreu no carnaval deste ano, quando Ricardo Arruda, num surto de agressividade, derrubou a porta da casa do prefeito com chutes. O motivo? O parlamentar não aceitava perder o controle sobre os contratos da prefeitura.
“Queriam que eu fosse apenas uma marionete. Mas eu fui eleito para governar, não para obedecer ordens de quem não tem cargo na prefeitura”, disparou Dr. Gilson durante uma entrevista na Rádio Aliança.
Mas o que realmente impressionou os grajauenses foi o cenário devastador das finanças municipais. Com a presença de um advogado de Brasília, Dr. Gilson expôs a dura realidade: Grajaú tem uma dívida de R$ 500 milhões.
Boa parte desse passivo vem de atrasos na Previdência Social, que colocaram o município no temido CAUC, uma espécie de SPC das prefeituras. Isso significa que Grajaú está bloqueada para receber verbas federais e estaduais, impossibilitando novos investimentos.
O prefeito foi enfático: essa dívida não é sua responsabilidade, mas caiu em seu colo. E, mesmo assim, ele é cobrado todos os dias como se fosse o culpado.
“Recebi uma prefeitura atolada em dívidas, um verdadeiro rastro de irresponsabilidade administrativa. Não vou esconder a verdade da população”, afirmou Guerreiro.
A indignação do prefeito não vem apenas da situação financeira, mas da forma como o grupo Arruda insiste em tratar a prefeitura como um feudo pessoal. O caso do contrato do carnaval foi apenas a gota d’água.
Mesmo sem cargo na administração, Ricardo Arruda queria decidir qual empresa organizaria a festa. A licitação era só um detalhe, pois, para ele, as decisões continuariam sendo tomadas no velho estilo “tratoraço”. Mas, desta vez, o prefeito disse não.
E foi esse “não” que resultou no episódio da porta arrombada.
“Se ele faz isso com um prefeito eleito, imaginem o que não faz com quem não pode se defender?”, questionou um aliado de Guerreiro nos bastidores.
Ao anunciar o rompimento, Dr. Gilson Guerreiro deixou claro que não compactuará com a velha política. E, para não deixar dúvidas, cravou: não apoiará, em hipótese alguma, a reeleição de Ricardo Arruda para deputado estadual em 2026.
O prefeito enfrentou um impasse que definiria seu futuro: ou aceitava ser um mero figurante ou assumia o comando da cidade. Escolheu o segundo caminho.
Grajaú agora encara uma encruzilhada: segue refém de um grupo que trata a cidade como um negócio de família ou constrói um novo rumo?
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