O Maranhão, estado marcado por históricos problemas na saúde pública, agora vive mais um capítulo preocupante – desta vez, na formação dos futuros profissionais da área médica. O curso de Medicina da Universidade Estadual do Maranhão (UEMA), no campus de Caxias, recebeu nota 1 – a mais baixa possível – no Conceito Preliminar de Curso (CPC), avaliação oficial do Ministério da Educação (MEC) que mede a qualidade dos cursos superiores com base no desempenho dos estudantes no Enade.
A nota vexatória acendeu um alerta geral. O deputado estadual Catulé Júnior (PP) foi procurado por estudantes aflitos com a possibilidade real de fechamento do curso, uma das sanções previstas para instituições que atingem esse nível crítico de avaliação. A preocupação vai além da sala de aula.
“O que traria um prejuízo absurdo para Caxias e região. E, quando eu digo prejuízo, não é só o educacional. É também social e econômico”, alertou o parlamentar.
A crise não é isolada. Ela escancara o abandono do governo estadual na gestão e manutenção dos cursos de Medicina no Maranhão. Em vez de fortalecer a estrutura dos cursos já existentes, o governo Brandão tem priorizado expansões eleitoreiras, anunciando a criação de novos cursos em outras cidades enquanto os já implantados agonizam.
A responsabilidade direta é do governador Carlos Brandão (PSB), que insiste em se projetar nacionalmente, mirando o Senado em 2026, mas ignora o colapso educacional que ocorre sob sua administração.
“É inadmissível que um curso tão estratégico como Medicina, que forma profissionais para cuidar da vida da população, seja tratado com tanto descaso pelo governo estadual”, disparou um professor da universidade que pediu anonimato por medo de retaliações.
O reitor da UEMA, Walter Canales, admitiu a gravidade da situação e apresentou um plano de ações para tentar salvar o curso. Paralelamente, Catulé Júnior protocolou um requerimento para a realização de uma audiência pública na Assembleia Legislativa. O objetivo é reunir o Governo do Estado, a UEMA, os alunos e a sociedade para discutir saídas e cobrar soluções urgentes.
O presidente da Comissão de Educação da Alema, deputado Arnaldo Melo (PP), já declarou apoio à proposta, reforçando a necessidade de um “trabalho contributivo” da Casa em defesa do ensino superior público no estado.
O que está em jogo
O possível fechamento do curso de Medicina em Caxias representa não apenas o fracasso de uma política educacional, mas um golpe direto contra centenas de estudantes, suas famílias, e toda uma região que depende dessa formação para suprir o déficit de profissionais da saúde.
Enquanto o Governo do Maranhão não apresentar respostas concretas, resta à sociedade civil e à classe política sensata fazer pressão para que Brandão assuma sua responsabilidade e interrompa o processo de sucateamento da educação superior no estado.
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